Os exercícios regulares e bem orientados podem ajudar no controle das crises epiléticas
Pessoas com epilepsia apresentam doenças psiquiátricas, especialmente depressão e ansiedade, além de uma baixa autoestima, problemas emocionais que prejudicam a qualidade de vida. Em geral, sabe-se que o exercício físico moderado tem sido grande aliado na reversão de quadros de depressão e outros sintomas semelhantes.
Inúmeras pesquisas demonstram que os epiléticos podem ter efeitos psicológicos positivos a partir da atividade física. Um estudo mostrou que os indivíduos ativos com epilepsia tinham níveis significativamente mais baixos de depressão e melhora psicossocial que as pessoas inativas. Outros confirmaram que a prática do exercício ajudou no estado mental e melhorou a sociabilidade desses pacientes.
Na Noruega, especialistas identificaram que 23% das pessoas com epilepsia participavam regularmente de atividade física. No entanto, concluíram que essa amostra de pessoas com epilepsia não podem ser aplicáveis aos países em desenvolvimento, devido a condições socioeconômicas, culturais e de assistência à saúde no controle da doença.
Algumas razões para a baixa adesão explicam-se pela ausência de profissionais qualificados que sabem como lidar com o problema, transporte público de qualidade, baixa motivação e efeitos adversos das drogas antiepilépticas.
Segundo o especialista em neurologia e em educação física, Ricardo Arida, ao mesmo tempo em que o exercício físico modifica positivamente os aspectos fisiológicos e psicológicos de pessoas com epilepsia, restringi-los a participação de atividades físicas ou desportivas pode causar efeitos deletérios físicos e mentais. "Restringir esses indivíduos do exercício físico pode causar um sentimento de inferioridade que pode levar a depressão e ansiedade", explica.
Para ele, os riscos envolvidos na participação desportiva deveriam ser considerados em relação ao trauma psicológico resultante de restrição desnecessária de atividades físicas. "Acredita-se que as alterações emocionais decorridas pela restrição da atividade esportiva nestes indivíduos são mais prejudiciais que as próprias crises epilépticas", complementa.
Há pouco tempo, Ricardo participou de um estudo minucioso da relação entre epiléticos e atividades físicas. Na ocasião, o grupo de estudiosos revisaram 78 estudos publicados entre 1948 e 2006, investigando os efeitos dos exercícios em pessoas com epilepsia e a relação entre atividade física e as crises. E concluíram que as atividades aeróbias reduzem o número de crises.
Vale lembrar, porém, que o acompanhamento médico é necessário para que as atividades desportivas sejam praticadas com segurança e a melhora no sistema cardiovascular e a redução das crises sejam notadas.
Alguns exercícios indicados para epiléticos
Exercícios aeróbios
São aqueles realizados com intensidade baixa ou média, por tempo prolongado, em geral acima de 15 a 20 minutos. São indicados a caminhada durante uma hora, corrida por tempo variável, dependendo do condicionamento físico, esteira ou bicicleta ergométrica em academias. Eles ajudam na melhora das funções cardiorrespiratórias e vascular, frequência cardíaca, a qual suportará esforços físicos, o trabalho muscular e a produção de massa óssea, que podem ser comprometidas pelas medicações antiepilépticas.
Exercícios anaeróbios
São aqueles de grande intensidade e curta duração, como corrida intensa por um breve período, impulsões em exercícios coletivos como futebol, basquetebol e voleibol, nos quais se alterna atividade aeróbia e anaeróbia. Esse tipo de atividade ajuda no desempenho esportivo e na sociabilização. No exercício anaeróbio, há aumento de produção de ácido láctico, o qual promove acidose que, como o jejum e a dieta cetogênica, exercem efeito inibitório sobre as descargas epilépticas.
São absolutamente contraindicados
Desportos radicais como voo, pára-quedismo, asa delta, alpinismo, mergulho submarino e desportos motorizados. A natação pode ser liberada desde que sob supervisão individual. fonte: Natália Farah
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