Hipotireoidismo x hipertireoidismo
Hipotireoidismo: essa é a disfunção de tireoide mais comum. Nela, a produção dos seus hormônios, o T3 e o T4, cai drasticamente. Na maioria desses casos, é o próprio organismo que passa a reconhecer a glândula como um elemento estranho e envia anticorpos para atacá-la. Essa situação é conhecida entre os médicos como tireoidite de Hashimoto.
O tratamento é a reposição de hormônios por meio de versões sintéticas pelo resto da vida. Os comprimidos são ingeridos diariamente, logo de manhã.
Hipertireoidismo: como o nome sugere, aqui a fabricação dos hormônios dispara além da conta. O gatilho para o distúrbio pode ser uma ofensiva do próprio sistema de defesa, que estimula a tireoide a trabalhar loucamente. Os experts chamam essa condição de doença de Graves. Outra causa do distúrbio é o excesso de iodo - matéria-prima do T3 e do T4.
Há três opções de tratamento: remédios que diminuem o ritmo da tireoide; cirurgia para remover a glândula; ou iodo radioativo, que destrói parte dela. Só o especialista, claro, poderá definir a melhor estratégia.
Veja a seguir os efeitos de cada um desses distúrbios em cada parte do corpo.
Cérebro
Hipotireoidismo: a carência dos hormônios prejudica a ação de neurotransmissores, moléculas que asseguram a conexão entre os neurônios. Aí surgem lapsos de memória, sonolência e até depressão.
Hipertireoidismo: a sobrecarga hormonal resulta numa maior ativação dos receptores cerebrais de adrenalina, o que deixa a cabeça nos 220. Assim, ansiedade, insônia e nervosismo se tornam frequentes.
Olhos
Hipotireoidismo: o corpo passa a reter mais líquido em algumas regiões específicas. Caso da área ao redor do olho, principalmente as pálpebras, que acabam inchadas.
Hipertireoidismo: os mesmos anticorpos que atacam a tireoide agridem os músculos da parte de trás do olho, empurrando o globo ocular para a frente. É a chamada exoftalmia.
Cabelos
Hipotireoidismo: o processo de renovação de todas as células ocorre em marcha lenta. Nem o penteado escapa: secos e grossos, os fios caem em maior quantidade.
Hipertireoidismo: como a reposição celular é pra lá de rápida, as madeixas afinam, ficam oleosas e quebradiças e se soltam do couro cabeludo fácil, fácil.
Tireoide
Hipotireoidismo: com a menor secreção de hormônios, a glândula definha e diminui de tamanho. Em situações extremas, chega a desaparecer.
Hipertireoidismo: o trabalho para alavancar a produção de T3 e T4 faz a tireoide crescer literalmente. Nos casos mais sérios da doença de Graves, ocorre o bócio, um aumento de volume considerável na região do pescoço.
Coração
Hipotireoidismo: os dois hormônios da tireoide regulam a velocidade dos batimentos cardíacos. Se eles estão em falta, o ritmo do bombeamento cai. E, se nada é feito, isso pode evoluir para uma insuficiência cardíaca.
Hipertireoidismo: o batimento acelera, seja pela grande oferta de hormônios, seja pela sensibilidade aumentada dos receptores de adrenalina no cérebro - que também ajudam a coordenar as contrações do coração.
Peso
Hipotireoidismo: moroso, o organismo retém líquido, o que ocasiona acréscimos na balança. Mas o indivíduo engorda, no máximo, mais 10% do seu peso original.
Hipertireoidismo: para conservar o metabolismo em ritmo acelerado, é preciso muita, muita energia. A queima de gordura (e até músculo) leva ao emagrecimento.
Intestino
Hipotireoidismo: a constipação é outro sinal de que algo não vai bem pelos lados da tireoide. Com o intestino trabalhando a passo de tartaruga, as idas ao banheiro rareiam.
Hipertireoidismo: mal o alimento chega ao intestino, já é despachado: o processo de digestão acontece na velocidade de um foguete, o que contribui para diarreias.
Reprodução
Hipotireoidismo: o T3 e o T4 também ditam o ritmo dos ciclos menstruais. No hipotireoidismo, então, eles ficam inconstantes e isso dificulta inclusive as chances de engravidar.
Hipertireoidismo: a perda de peso e a digestão atrapalhada podem comprometer a captação de nutrientes, o que, por sua vez, interfere na frequência da menstruação.
Colesterol
Hipotireoidismo: a quantidade dessas moléculas gordurosas viajando pelos vasos sanguíneos aumenta, já que o organismo não é capaz de quebrá-las com rapidez.
Hipertireoidismo: o ritmo alucinado e a caça de energia fazem o colesterol virar combustível e ser absorvido rapidamente. Logo, os níveis da partícula no sangue baixam.
Músculos
Hipotireoidismo: a retenção de líquido ainda repercute nos músculos, que sofrem com um maior número de cãibras e formigamentos ao longo do dia.
Hipertireodismo: quando se soma ao nervosismo, a alta velocidade dos processos metabólicos pode provocar tremores involuntários, dores musculares e até fadiga.
Pele
Hipotireoidismo: a renovação celular vagarosa torna a pele ressecada e propensa à descamação. Além do aspecto envelhecido, ela também pode ficar mais gelada.
Hipertireodismo: a temperatura corporal tende a subir acima da média e esse calorão tem impacto sobre as glândulas sudoríparas e sebáceas. O suor excessivo vem junto da pele oleosa.